Entrevista com o TC Lobo Vianna
TC Lobo Vianna, primeiro militar a atirar com o sistema RBS 70 no Brasil, assume o comando do 2º GAAAe.
A Saab em Foco conversou com o Tenente-Coronel Lobo Vianna, que assumiu o comando do 2º Grupo de Artilharia Antiaérea (2º GAAAe) do Exército Brasileiro em Paria Grande (SP), em dezembro de 2022. O oficial comemorou a nomeação e relembrou seus primeiros contatos com o RBS 70, desde o curso realizado na Suécia, até o primeiro tiro disparado no Brasil.
Tenente Coronel Lobo Vianna
Daniel Rodrigues Lobo Vianna, 42, é o novo comandante do 2º GAAAe em Praia Grande, litoral de São Paulo. Sua carreira militar teve início em 1998, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Com um extenso currículo na Força, Lobo Vianna serviu na 1ª Bateria de Artilharia Antiaérea (1ª Bia AAAe), em Brasília (DF), foi instrutor na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) e, anos mais tarde, comandou a 2ª Bia AAAe, em Santana do Livramento (RS).
1 - Pode nos contar quais são as atividades realizadas pelo 2º Grupo de Artilharia Antiaérea em Praia Grande?
TC Lobo Vianna: A Unidade é de extrema importância no âmbito do Comando de Defesa Antiaérea do Exército e participa de diversas atividades de adestramento, como a Operação Sagitta Primus, em Formosa-GO, e a Operação Escudo Antiaéreo, que exige o emprego de grande efetivo e quantidade de materiais militares para missões de estabelecer a Defesa Antiaérea de pontos sensíveis. O grupo também tem a responsabilidade de salvaguardar extensa área da União, na região do Canto do Forte, ressaltando-se a ininterrupta preocupação com a preservação do meio ambiente. É uma unidade composta por militares entusiasmados e capacitados e por isso sinto-me muito motivado para cumprir a desafiadora missão de liderar os militares dessa valiosa Organização Militar.
2 - Como foi o seu curso de manuseio do RBS 70 na Suécia? Quando foi realizado?
TC Lobo Vianna: Em 2014, fui selecionado para realizar o Curso de Formação de Instrutores do Míssil Telecomandado RBS 70, ministrado pela Saab em Karlskoga, na Suécia. Eu não conhecia o país nem a empresa, mas já tinha tido contato com o RBS 70 em exposições e pesquisas. O curso teve como objetivo formar instrutores da operação do armamento. Sua duração foi de cinco semanas e dentro do escopo do curso estava a operação do míssil propriamente dita, conhecimentos sobre armazenagem e manutenção, bem como o treinamento no simulador. Na época, eu era instrutor na EsACosAAe e aproveitei o conteúdo como base para o Plano de Disciplinas de estudo.
3 - Você também foi o primeiro militar a executar o tiro com o armamento no Brasil. Como foi esse episódio?
TC Lobo Vianna: Realizei o primeiro disparo do RBS 70 no Brasil em maio de 2015, no Campo de Provas da Marambaia (CAEx), no Rio de Janeiro. Houve um grande planejamento na EsACosAAe, que abarcou aspectos logísticos, técnicos e de segurança. Participei de uma reciclagem no simulador existente na Escola, o qual era utilizado nas instruções dos cursos. O tiro foi acompanhado por uma equipe da EsACosAAe, um representante da Saab e alguns Oficiais Generais que se encontravam na assistência. O curso me capacitou plenamente para a realização da atividade.
4 - Qual a importância de contar com o RBS 70 para as missões?
TC Lobo Vianna: A existência do RBS 70 eleva as possibilidades e o Poder Relativo de Combate (PRC) das Baterias de Mísseis (Bia Msl), aumentando assim o resultado positivo no combate aeroespacial à baixa altura, em especial na Defesa Antiaérea. O manuseio e a operação são simples, desde que tenha ocorrido o treinamento adequado no simulador, como o que temos disponível em nosso Grupo.
5 - O que mais chamava sua atenção no RBS 70?
TC Lobo Vianna: O sistema de guiamento por facho laser o torna imune a interferências provocadas por radares e equipamentos embarcados em vetores aéreos hostis. Após o treinamento, o aparelho é de fácil manuseio e operação e aqui no 2º GAAAe contamos com o simulador do equipamento. Em meu comando, a diretriz será de plena utilização dessa nobre ferramenta de capacitação, em especial na formação do Cabo Atirador e quando houver a necessidade de reciclagem dos oficiais miliares diante de uma operação.