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Saab Global

Simulação Viva: “Só se pode melhorar o que medimos”

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Investir em Treinamento e Simulação é essencial para otimizar o desempenho técnico e tático das tropas. No Chile, houve um salto qualitativo nos treinamentos com a criação do Centro de Treinamento de Combate Blindado e do Centro de Treinamento de Combate de Infantaria, em 2007, ambos equipados com sistemas de simulação de última geração.

Para falar sobre como foi esse processo de aprimoramento, convidamos, para uma entrevista exclusiva, o Major Alberto Villarroel Rivera, oficial do Exército Chileno de Armas da Cavalaria Blindada. O militar, que possui experiência na área de modelagem e simulação de sistemas discretos e contínuos, já participou de diversos cursos sobre o tema, como os dos simuladores BT 41 e BT 46 e de controle de alvos e registro de resultados, desenvolvidos pela Saab. Atualmente, o Major atua na Divisão de Doutrina como Chefe do Centro de Modelagem e Simulação do Exército do Chile.

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Major Alberto Villarroel Rivera, oficial do Exército Chileno de Armas da Cavalaria Blindada.
  1. Há quanto tempo o Exército do Chile utiliza ferramentas de Treinamento e Simulação?

Major Villarroel: Apesar de ter uma longa história nesta área, demos um salto qualitativo com a criação do Centro de Treinamento de Combate Blindado e do Centro de Treinamento de Combate de Infantaria, ambos com sistemas de simulação de última geração. Nestes centros, a simulação Viva é realizada em um processo que se inicia com aulas formais, sendo complementada com a utilização de emuladores. O treinamento continua com simulação Virtual de diferentes características até chegar ao tiro com simulação Viva, combate e, por fim, o tiro com munição em alvos sensorizados.

Na primeira fase, temos os registros e uma grande quantidade de dados sobre o pessoal e o seu nível de certificação, projetando assim, na fase seguinte, os seus requisitos de melhoria nas respectivas unidades para o aperfeiçoamento da equipe.

  1. Quais são os equipamentos utilizados pelo Exército Chileno para exercícios de Treinamento e Simulação?

Major Villarroel: Nosso Exército tem muita experiência no uso de simulação Viva, desde a chegada dos veículos de combate AMX-30 na década de 1980, com o sistema DX-150 ou com a utilização de equipamentos MK-II SIMFIRE, no mesmo veículo, e os M-41, M-50, M-51 e testes funcionais com o Leopard 1V, que foram extremamente úteis. Isso nos permitiu constatar a grande utilidade destes tipos de sistemas de simulação, que, desde então, temos explorado em grande medida e nos permitem ter unidades blindadas altamente treinadas.

Isso foi amplamente superado com a chegada do Leopard 2 A4 e seus sistemas BT 41 e BT 46, que em pouco tempo foram complementados com sistemas de controle de alvos e polígonos. 

  1. Qual o diferencial do uso da simulação Viva para o adestramento das tropas?

Major Villarroel: O uso da simulação Viva tem nos permitido treinar e instruir muitas gerações de soldados chilenos, preparando-os com os mais elevados padrões tecnológicos e com a utilização de sistemas de última geração. Isso nos permite contar com unidades altamente treinadas.

A simulação, sem dúvida, favorece muitos aspectos, como a proteção do meio ambiente, algo muito importante para o nosso Exército. Além disso, permite-nos levar o treino a qualquer cenário graças aos seus sistemas de laser que não geram nenhum perigo para os olhos. Também é fundamental, para evitar o desgaste do material, aproximar o soldado da velocidade de combate e testar os comandantes em condições de estresse.

Posso dizer que a simulação Viva é, sem dúvida, o caminho mais próximo da realidade para educar, instruir e treinar, já que nem a alta qualidade gráfica nem os graus de liberdade dos simuladores virtuais poderão ser mais importantes do que o carregamento do equipamento, o disparo do nosso rifle ou a operação dos veículos. Nada substituirá sentir a terra em nossos pés, o que sempre será a melhor escola.

  1. Quais possibilidades os sistemas de simulação Viva geram para o Exército Chileno?

Major Villarroel: O treinamento de tiro em alvos sensorizados permite a prática com diferentes tipos de munições para explorar todas as condições possíveis de combate, porém, sem gerar custos pelo consumo real. Em um treino mais complexo, como o de pelotão, este diferencial é ainda mais notável devido ao grande número de variáveis no exercício, inclusive possibilitando sua realização em um menor tempo possível, obtendo o máximo desempenho dos sistemas de armamentos.

Além disso, do ponto de vista da engenharia militar, a utilização deste tipo de sistema vai de encontro com a tendência mundial de conceitos de integração como o “Ambiente de Treinamento Sintético”, que busca combinar diferentes tipos de simuladores para futuros treinamentos virtuais em larga escala, um claro sinal de que a simulação continuará a evoluir em grande velocidade no mundo todo.

  1. Como é o treinamento da simulação Viva para o treinamento de tropas blindadas e mecanizadas?

Major Villarroel: A simulação Viva é uma parte importante da preparação de nossa equipe durante seus treinamentos e após os mesmos, pois nos permite sensorizar o material que operamos, tanto com detectores e emissores quanto com o mesmo material para realizar tarefas como tiro de polígono a alvos sensorizados. Assim podemos simular o disparo de metralhadoras torre, coaxiais, e canhão principal com seus diversos tipos de munições que, graças à tecnologia do volume voador, terão um comportamento balístico semelhante ao real, apesar de ser um laser, elemento que favorece substancialmente o treinamento e compreensão de conceitos relevantes como ascensão e trajetória.

Por outro lado, permite colocar prismas em veículos, configurando-os como alvos para treino de tiro em alvos móveis de material parado ou em movimento, além de treinar a nível de seção, pelotão ou equipe de combate, de acordo com o material considerado no exercício.

Na interação seguinte, as unidades se enfrentarão, o que resulta em uma luta de vontades e extrapola o que pode ser inicialmente formado em um simulador virtual. É neste nível que tudo se põe à prova, técnico e tático, tomada de decisão, direção, direção de tiro, coordenação e, por fim, eficácia. Em poucos segundos, devido ao uso do Gamer Manpack, esta interação terminará com dados claros sobre os impactos, efeitos e movimentos da unidade, finalizando com uma grande revisão após a ação, onde o argumento mais poderoso será o que aconteceu para podermos rever os nossos erros, o que é a melhor forma de aprendizado.

Para um militar como o chileno, que faz do treinamento militar e do aperfeiçoamento contínuo uma filosofia de vida, esses sistemas são uma forma de mostrar o que devemos trabalhar e melhorar. Essas informações que recebemos são, sem dúvidas, a melhor escola.