Transferência de tecnologia e cooperação industrial
A parceria para o desenvolvimento conjunto e fornecimento de 36 caças Gripen é o maior contrato de exportação da história da Suécia e o maior programa de transferência de tecnologia em curso no Brasil. A aquisição das aeronaves é de suma importância não apenas para o aumento da capacidade operacional da Força Aérea Brasileira, mas também representa um salto tecnológico para a Base Industrial de Defesa.
A participação da indústria nacional no desenvolvimento do programa, desde o começo, tem proporcionado uma transferência de tecnologia sem precedentes para o país e para empresas como a Embraer, AEL Sistemas, Akaer, Atech, para as subsidiárias da Saab no Brasil, e para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, por meio de seus institutos subordinados.
A transferência de tecnologia envolve um extenso programa de treinamento, no qual 350 especialistas brasileiros - entre eles engenheiros, técnicos, operadores de montagem e manutenção - participam de treinamentos teóricos e práticos nas instalações da Saab, principalmente em Linköping.
Esse treinamento consiste no envolvimento de brasileiros em quase todas as áreas técnicas relevantes relacionadas ao desenvolvimento, teste, produção e manutenção do Gripen, que incluiu a participação em trabalhos reais (denominados on-the-job training), como por exemplo, na montagem das aeronaves ou na integração de sistemas, ao lado dos especialistas suecos.
Ao final desta fase, eles retornam ao Brasil para realizar pacotes de trabalho dentro de suas áreas de atuação e para multiplicar o conhecimento adquirido, a fim de manter e aumentar a massa de pessoal capacitado.
Uma contribuição importante do trabalho feito no Brasil é o desenvolvimento das modificações do Gripen F (biposto) para adicionar uma segunda posição de piloto. Essa modificação foi extensa e envolveu engenheiros brasileiros no projeto de instalação de assentos, displays e controles, sistemas de controle elétrico e ambiental, sistemas de oxigênio e anti-g, análise de engenharia de alterações estruturais e de fuselagem.
São mais de 600 mil horas em treinamento e 62 projetos, incluindo aulas em sistemas de comunicação (Link BR2), integração de armamentos, ensaios em voo, aviônicos, sistemas, aerodinâmica, produção, montagem de componentes estruturais da fuselagem da aeronave Gripen E/F, entre muitas outras áreas e segmentos.
Para cada área há um programa específico de formação e transferência de tecnologia, o que reflete no aumento de novas capacidades da indústria nacional de Defesa, algumas inclusive inéditas na América Latina.
Durante o processo, algumas empresas nacionais passaram a integrar a cadeia global da Saab, tornando-se fornecedoras do caça para as encomendas feitas pela própria Suécia e por futuros operadores do Gripen E/F.
Um bom exemplo disso é a AEL Sistemas, uma empresa de Porto Alegre (RS) que é beneficiária do Programa Gripen brasileiro, que se tornou um dum importante fornecedor da Saab em 2018, exportando displays de cockpit de alta tecnologia para equipar caças Gripen. Todos os pedidos futuros do Gripen E/F terão os três displays - Wide Area Display (WAD), Head-up Display (HUD) e Helmet Mounted Display (HMD) desenvolvidos pela AEL Sistemas em Porto Alegre.
Como um país chave na estratégia de internacionalização da Saab, o Brasil tem pessoal treinado e ativos estabelecidos que permitem com que o país se torne um centro de exportação do Gripen para a América Latina e, potencialmente, para outras regiões. Os objetivos de longo prazo estão centrados na manutenção e na expansão da capacidade instalada no Brasil, bem como no aumento da participação brasileira em novas oportunidades de negócios.